Como a legislação brasileira, o mercado e clientes estão se comportando a respeito da qualidade ambiental interna do ar

Desde 1998 quando faleceu o então ministro das comunicações Sérgio Mota, o assunto de qualidade do ar interno (QAI) ganhou projeção nacional com novas legislações, normas técnicas e exposição na mídia. Novos produtos e serviços chegaram ao mercado brasileiro para atender ao conceito de cuidar do ar do local onde passamos mais de 85% de nosso tempo era um assunto importante.

Passados quase duas décadas o conceito de QAI se ampliou no mercado em geral, nos clientes, governo e profissionais do mercado. Raros são os profissionais administradores de serviços, ou facilities, que não conhecem o assunto ou já tem em seu budget verba prevista para análises da qualidade do ar, manutenção de sistemas de ar condicionado, substituição de filtros, limpeza especializadas de carpetes, controle de produtos químicos utilizados no ambiente, entre outras ações necessárias para uma melhor QAI.

Nas principais capitais do pais já vemos corpo de fiscalização exigindo das empresas ações de melhoria do ar interno. Na cidade de São Paulo, os principais shoppings centers, hotéis, call centers entre outros locais de grande concentração de pessoas tem sido inspecionado rotineiramente, sendo obrigados a cumprir a legislação em vigor, passiveis a penalidades e multas. O Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre já tem ações similares. Ainda é pouco se comparado ao número de ambientes fechados de uso público e coletivo no pais.

O mercado de QAI já possui diversas empresas especializadas, com produtos e serviços alinhados as últimas tecnologias mundiais considerado amigáveis de um ambiente saudável. Destaco produtos e serviços como:

– sistema de monitoramento remoto;

análise da qualidade do ar;

limpeza e higienização de sistemas de ar condicionado;

– limpeza especializada de carpetes e superfícies;

– tecnologia de fotocatálise;

– filtros de ar mais eficientes;

– materiais de revestimento (Ex. tintas especiais) e limpeza com baixa emissão de COVs.;

Além disso não faltam normas técnicas e procedimentos definidos que orientam aos profissionais responsáveis por ambientes fechados orientações de como cuidar do ar ambiental. Na NBR 16.401 da ABNT que trata de projetos de climatização de sistemas de ar condicionado já existe um capitulo exclusivo sobre QAI.

O cliente ainda é o grande player que precisa evoluir dentro desse tema de QAI. Há muita falta de conscientização. Como ele não tem a consciência da importância de se ter uma boa qualidade do ar ambiental interior, o cliente sempre quer comprar pelo mais barato (e quem não quer?). Um exemplo simples é o caso do sistema de ar condicionado do tipo split que representa mais de 90% do sistema vendido no Brasil em 2014. O custo de instalação é baixo se comparado a um sistema central, por exemplo. Porém, no sistema Split convencional não há previsão de dois itens fundamentais para uma boa QAI. Renovação e filtragem do ar.

Em países desenvolvidos, como Estados Unidos, por exemplo, as residências utilizam sistemas centrais, onde existe a possibilidade de se ter uma captação do ar externo que irá permitira renovação do ar, diluindo possíveis contaminantes internos, além de um sistema de filtragem eficiente. Filtros de ar são vendidos em supermercados nesses países (foto). Não precisa de leis ou fiscalizações nessas casas, apenas conscientização da importância.

Algumas pequenas ações de conscientização no Brasil começam a aparecer em ambientes públicos. Alguns shoppings na cidade de São Paulo já informam a seus clientes que o ar daquele ambiente é mantido dentro da legislação federal em vigor.

 

Quanto mais os clientes entenderem que uma boa qualidade do ar interna traz retorno financeiro com aumento de produtividade de seus colaboradores nas dependências de suas empresas, mais será investido nesse tema. Estudos mostram que para cada Real (R$) investido em uma boa QAI, de R$ 3,00 a R$ 5,00 retornam a empresa na figura de redução de absenteísmo (faltas), aumento de produtividade e redução de custos médicos. Um sistema de ar condicionado central pode ter um custo inicial de instalação maior, mas o retorno desse investimento é rápido.

 

Artigo escrito por: Eng. Leonardo Cozac – Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho, especialista certificado em Qualidade do Ar Interno. Diretor da Conforlab www.conforlbab.com.br @leonardo_cozac 

 #GBC #Sustentabilidade #GreenBuilding #FranciscoGitahy, Blog do GBC, Blog GBC, Construção Sustentável, GBC Brasil, Green Building, Greenbuilding Brasil, LEED, sustentabilidade, tecnólogia sustentável